Andar apressado para dar conta de todos os compromissos; ideias, planos, expectativas percorriam e tomavam conta de meus pensamentos.
A esperança reascendia no peito e exultava no brilho do olhar. Mas, sem esperar, repentinamente, vejo uma cena que me comove e enleia-me em pensamentos distantes, como se não mais fizesse parte deste mundo ou, aquele ser parecia pertencer a outro lugar; remoto, longínquo...
Estava sentado sobre a escada e segurava uma criança; uma menina. Ele, moreno, com um chapéu à cabeça deixava transparecer o cansaço através de seu corpo magro e esguio. Sua pele queimada revelava o trabalho debaixo do sol forte. Simples e humilde trabalhador, de perfil, seu olhar denunciava a miséria e o mais comovente: não havia esperança nele, era vazio, olhar de alguém que não recebe afago e atenção.
Por mais que não lhe restassem sonhos e esperança, seu gesto mostrava o contrário; alimentava a criança, despedaçando o pão e dando-lhe à boca.
Seu gesto me fez pensar que, apesar da dor e sofrimento, este homem, pobre e humilde, vítima da sociedade excludente e usurpadora, ainda acredita na vida e no que ela pode oferecer.
A cena era fascinante e comovente, era linda e tão triste!
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